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A política nacional está vivendo uma crise peculiar com esses escândalos presentes em várias esferas da administração pública. Quais os elementos desencadeadores dos escândalos políticos? E que conseqüências esse fenômeno traz para ávida política brasileira?
Antes de examinar os escândalos políticos se faz necessário esclarecer o significado desse fenômeno, e vale ressaltar que algumas especificidades diferenciam escândalos de corrupção. Os estudos de corrupção possuem um objetivo principalmente instrumental e moral e não propriamente científico, porque as causas e os elementos desencadeadores de casos de corrupção não são avaliados e tampouco destacados. Estes estudos focam nos custos que a corrupção traz à sociedade. As pesquisas sobre corrupção podem ser sistematizadas da seguinte forma:
- Pesquisas que privilegiam os “escândalos de corrupção” divulgados pelos meios de comunicação;
- Pesquisas que trabalham com indicadores de corrupção construídos a partir das condenações penais;
- Indicador de corrupção obtido através de pesquisas de opinião, que indagam ao cidadão sobre o grau e a extensão da corrupção;
O tema da corrupção entra na agenda política e a partir dos anos 90 e se associa umbilicalmente às necessidades das reformas políticas e institucionais.
A corrupção deve ser considerada crime e está associada à violência, com uma característica: o exercício de influência concebido como “uma relação de forças entre as partes envolvidas a se equilibrar”. Nesse sentido, a corrupção envolve também coerção das relações de poder.
Nos vários sistemas de governo, o tema corrupção teve significados diferenciados. Na tirania e na monarquia, não havia separação entre bem público e bem privado, portanto, a corrupção estava associada a algum modo de traição à pátria. A corrupção como conhecemos é um fenômeno da Republica moderna, alguns atores afirmam que este modelo de governo sempre conviverá com algum nível de corrupção, por algumas razões:
- A primeira razão decorre do fato de a democracia pautar-se pelo sentimento de tolerância à diversidade;
- O segundo fato decorre da supremacia da sobrevivência individual em relação ao espaço coletivo.
Freqüentemente, escândalos e corrupção são confundidos, porém são fenômenos distintos. Escândalo envolve estágios de desenvolvimento: revelação, publicação, defesa, dramatização, execução e rotulação. Segundo Thompson, “escândalos se referem a ações ou eventos envolvendo certos tipos de transgressão que se tornam conhecidas de outros, sendo estas transgressões sérias o suficiente para erigir uma resposta pública”. Neste sentido, é crucial o papel da comunicação midiática na divulgação e publicização de vários escândalos.
Corrupção pode se transformar em escândalo, mas para isso precisa ser descoberta, pois se as atividades de corrupção permanecerem escondidas dos outros estarão protegidas de uma futura investigação pública.
O escândalo não é um fenômeno novo, mas com o desenvolvimento das sociedades modernas a natureza, a escala e as conseqüências dos escândalos sofrem alterações, passando agora a ser “escândalos midiáticos”, por envolverem outra dimensão espacial-temporal e de extensão.
O fato de os escândalos terem se tornado mais comuns hoje tem a ver com a profissionalização dos jornalistas e o surgimento do jornalismo investigativo. Também, não se pode deixar de considerar que existe um interesse comercial na divulgação dos escândalos, já que esse fenômeno vende.
O que torna um escândalo político é o fato de haver lideranças políticas envolvidas com o poder político num campo político. Na democracia libera, esses escândalos são mais comuns, pois:
- A política é um campo de forças em competição
- A reputação dos políticos é importante porque prevalece uma institucionalização do processo eleitoral, e para se ascender ao poder e obter sucesso eleitoral, um dos elementos-chave é gozar de boa reputação política;
- Há uma autonomia relativa da imprensa;
- As condições do poder político que favorecem a descoberta de transgressões por rivais e opositores;
A partir daqui o texto passa a analisar os escândalos políticos do governo FHC.
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