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Destaca-se particularmente a compreensão de Aléxis de Tocqueville da extrema vivacidade da vida pública americana do século XIX no que dizia respeito, sobretudo, à crescente malha de associações cívicas disseminada no país. As associações, acreditava ele, demonstrariam o quão socialmente difuso era o sentimento de autonomia do cidadão americano diante das autoridades. Segundo ele, a qualidade da vida pública e o desempenho das instituições sociais são fortemente influenciados por normas e redes de engajamento cívico.
Este texto visa esclarecer a noção como é recebida e desenvolvida por Robert D Putman, empregada pra formar uma abordagem do fenômeno do engajamento cívico, um indiciamento da televisão e uma crítica de parte das práticas políticas contemporâneas.
A expressão “capital social” se refere a alguns aspectos da organização social que facilitam a coordenação e a cooperação dos indivíduos proporcionando-lhes, em razão disso, benéficos mútuos. Este complexo se realiza em uma tríade: rede de relações, confiança recíproca e normas.
Assim, o capital social gera vantagens desfrutadas por indivíduos e grupos como ferramentas e as habilidades com a diferença de que só podem ser produzidas e concedidas pela interação social. Em ambientes ricos em capital social, pelo menos em princípios todos podem dele se beneficiar. Por outro lado, é um capital produzido na interação e que depende dos investimentos de cada agente nos liames sociais que se estabelecem no grupo. De modo que o capital social tende a se retro-alimentar.
Putman acredita que as conexões sociais bem azeitadas e muito ativas podem fazer a diferença para o sucesso dos indivíduos. Ademais, em comunidades ricas em redes de relações sociais as instituições tendem a ser mais eficientes impulsionadas por níveis intensos de cooperação e direcionadas por controles sociais fortes. As normas conferem as necessárias garantias para justificar os investimentos pessoais em cooperação e coordenação – basicamente amortizam as taxas de riscos envolvidas na ação coletiva.
Para Putman, a democracia americana é brilhante, pois se formaram imensos estoques de capital social através de extensas redes social, que levam os indivíduos ao engajamento cívico e a prática política. Este autor também quer demonstrar que a queda nos estoques de capital social é maléfica ao ambiente democrático.
O padrão de práticas democráticas configurado sobre esta base é necessariamente um modelo de democracia participativa e de base. A abordagem via capital social adota uma visão da política a partir da esfera civil, isto é, de valores, iniciativas e princípios praticados no domínio da cidadania. E a democracia se qualifica a partir dos níveis de acompanhamento cívico nas comunidades dos assuntos públicos e dos níveis de empenho, envolvimento, participação e interesse demonstrado nos assuntos públicos e comunitários.
O capital social é fortemente relacionado à participação política, mas estabelece um círculo virtuoso apenas com relação a certo tipo de participação política, aquela que aciona redes de relações, confiança social e normas de reciprocidade.
A noção de capital social não é empregada por Putman apenas como um descritor das pré-condições do engajamento cívico ou da participação política; é um qualificador dos tipos de engajamento e de participação política considerados, por ele, adequados para um determinado modelo de política e democracia.
Este resumo trata do assunto "Comunicação e Política".Veja aqui como alguns livros sobre este tema.
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