Continuação: Resumo de "A politica de imagem", de Wilson Gomes

Lucas Reis

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Boa parte dos agentes políticos só reconhece uma imagem como pública, quando essa é constatada por pesquisas de sondagem. Essas teriam, aliás, como objetivo único, sondar dados já dispostos no campo da realidade, sem interferir em sua arrumação, sendo assim, um instrumento isento de aferição de imagens. Entretanto, as sondagens são realizadas sem o rigor científico, escolhendo o seu pool de entrevistados baseados em estatísticas demográficas. A forma como os formulários são preenchidos podem induzir ou precipitar veredictos, influenciando esses resultados. Além disso, a divulgação dos resultados pode gerar uma reação de adequação de opiniões por parte dos aferidos.

A política de imagem lida, ainda, com outros dois fenômenos: a imagem ideal e as expectativas. O ideal seria uma abstração, uma imaginação num horizonte de possibilidades que mostra aquilo como seria se fosse do jeito que se deseja. Atentos a isso, os produtores de imagem identificam o perfil ideal traçado pela população e tentam formatar os agentes políticos em coerência a este perfil ideal. Já as expectativas, lidam com a perspectiva de um futuro inexorável, de algo que deve acontecer, ou como algo ou alguém deve reagir ou evoluir no futuro. Estar atento a isso serve para gerar expressões caracterizadoras que potencializem as expectativas positivas e que mitiguem as negativas.

A política de imagem, como dedicação primária ou suplementar, mobiliza toda a atividade política. Neste caso, produzir a imagem de um ator político significa assegurar a presença dele na esfera de visibilidade pública dominante e levar o público a formar uma determinada imagem de tal ator. No que concerne à emissão das mensagens, os autores políticos tentam produzir e facilitar o acesso a fatos, discursos ou estímulos agenciados de tal forma que possam se inserir na esfera da visibilidade pública.

Uma outra função da política de imagem é ajustar personagens reais a perfis ideais e expectativas dos públicos. Em alguns casos, o perfil ideal ou as expectativas dependem de uma conjuntura, Esta se forma obedecendo aos critérios internos do mundo da comunicação, tais como audiência, espetáculo, novidade, outras formas discursivas, quanto dos quadros sociais da realidade.

Uma terceira função da política de imagem é gerenciar, administrar e controlar uma imagem pública.

No processo de construção de imagem, os agentes do campo político encontram três obstáculos.

Primeiro, os concorrentes de seu próprio campo, todos interessados em garantir a sua imagem e destruir a do concorrente. Um segundo grupo de obstáculos é o fato de que entre o campo político e o público há os agentes dos meios de comunicação, que têm o poder de recifrar toda a mensagem produzida pelo campo político. Por fim, como terceiro grupo de obstáculos, temos o horizonte hermenêutico da recepção. Como a imagem se realiza na recepção, trata-se de um momento bastante importante. As mensagens enviadas pelos emissores não encontram uma tabula rasa, um vazio a preencher, mas pessoas com horizontes hermenêuticos que vão orientar o entendimento das novas mensagens.

Este resumo se refere a um dos capítulos livro "As Transformações da Política na Era da Comunicação de Massa".Veja aqui como adquirir este livro.


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