12:43

Os filósofos acreditavam que uma  declaração servia somente para “descrever”. Já os gramáticos perceberam que  existem sentenças que não podem ser chamadas de declaração, tais como ordens e  concessões. No século XX, algumas sentenças que antes seriam chamadas de  declarações passaram por uma análise mais profunda. Estas sentenças foram  primeiramente chamadas de pseudo-declarações, mas vistas de maneira mais rigorosa,  passou-se a se questionar se essas sentenças seriam, em algum grau,  declarações. Assim, percebeu-se que algumas sentenças não têm por objetivo  registrar ou transmitir informações, mas são usadas para indicar circunstâncias  em que uma declaração foi feita. Deste modo, algumas perplexidades filosóficas  tradicionais surgiram do erro de considerar como declarações, sentenças  despropositadas ou com intentos diversos.
No livro, são levadas em  consideração as sentenças com sentido e propósito, mas que se enquadram entre as  expressões que se destacam. Entretanto, estes nem sempre se travestem de  declarações constatativas (anteriormente chamadas de pseudo-declarações).
Primeiramente, se analisam  expressões que gramaticalmente são definidas como declarações. Porém, essas  expressões ditas em uma determinada circunstância, não descrevem, pelo  contrário, executam ações. Deste modo, seriam proferimentos performativos, se  opondo a proferimentos constatativos. Exemplo disso é a expressão “Aceito me  casar” dita na frente de um juiz.
Então, cabe perguntar sobre se apenas a emissão de  palavras pode realizar ações. É obvio que apenas emitir palavras não efetiva um  ato. Antes de tudo, é preciso que se esteja num contexto adequado e que se siga  um roteiro (contrato)com os interlocutores. Mas, em muitos casos, é a  palavra  a principal  parte do acontecimento de um fato.
Ao se opor a essa interpretação, pode-se colocar em análise  a sentença “Prometo”. Para alguns, prometer não é executar um ato. Afinal,  existem promessas falsas. Para estes, prometer seria uma declaração. Mas quando  se fala “Prometo que...” está se executando uma ação, mesmo que esta seja falsa  ou enganosa, mas sempre um ato. E se, pode-se dizer que houve um falso batismo,  então pode-se dizem também de uma falsa promessa. Ou seja, falso não e aplicado  apenas a declarações que informam, registram e descrevem.
