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No livro O Imprecador, publicado em 1981, René-Victor Pilhes cria um enredo em que ironiza o mundo corporativo, critica a falta de sensibilidade dos homens de negócios e a sua desconexão com o mundo real. A História é narrada em primeira pessoa, sendo o narrador o Diretor-Adjunto de Relações Humanas da Rosserys & Mitchell – France, que conta o momento em que uma série de estranhos e, aparentemente, inconsequentes acontecimentos ameaçam o andamento normal da gigante multinacional. A morte de um importante executivo e a distribuição de cartas "subversivas", colocam a posição do Diretor-Adjunto em destaque. Ele passa a ser o braço direito do diretor geral da empresa, Saint-Raimè, um executivi com formação exemplar e um dos destaques do quadro da multinacional. Com o agravamento da situação e a iminência da perda de controle sobre os funcionários da empresa, o presidente mundial da empresa vem pessoalmente à filial francesa para resolver a questão. Aí, o autor aproveita para ridicularizar a sobrevalorização dada pelos empresários a conceitos corporativos como o ganho de escala e o fluxo de caixa (cash flow). Além disso, René-Victor mostra a ânsia pelo poder que domina os ocupantes dos cargos mais altos das grandes corporações, e que para conseguí-lo, são deixados de lado os princípios fundamentais para a vida em coletividade, como o respeito à integridade alheia. O Imprecador também faz piada com a prepotência dos altos executivos e com a submissão de seus subordinados. Trata-se de um livro de leitura simples e bastante gostosa, que faz refletir, mas não necessariamente concordar.